sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A POLÍTICA AGRÁRIA BRASILEIRA NUNCA DEIXOU DE SER UMA PEQUENA POLÍTICA



"O Brasil é uma série de frustrações. Toda vez que achamos que aconteceria uma mudança ela acabou não acontecendo. Veja bem, primeiro teve a luta pelas reformas nos anos 1960, que acabou com o golpe de Estado do então presidente João Goulart. Depois, teve as Diretas Já, e nada. E agora, temos uma sucessão de governos de esquerda que acabaram fazendo o que a direita não conseguiria fazer, porque não conta com oposição política. O Brasil parece um campo livre."

"Teoricamente, a produção agrícola brasileira está ligada à época da colônia, que investiu primeiramente no açúcar, depois no ciclo do ouro, depois no café. Ocorre que desde os anos 1930 o Brasil mudou, passou a ser um país em busca da industrialização. Entretanto, nos últimos anos, se analisarmos as exportações, veremos que as culturas de subsistência têm tido um peso muito grande na balança comercial. Isso demonstra que o Brasil aceitou entrar de uma forma subalterna e marginal no mercado internacional. Essa forma subalterna e marginal, junto com a nova divisão internacional do trabalho, imposto pelo neoliberalismo, crescente pelo mundo. Nessa conjuntura, o Brasil é delegado a ser produtor de álcool, soja, papel, polpa de suco de laranja; mas nada mais do que isso. Portanto, não se trata de uma maldição histórica.

Nessa conjuntura, discussão da reforma agrária está completamente de lado. A discussão divide-se entre a pequena política e a grande política: a pequena política cabe aos subalternos, que podem até brincar de fazer política, contanto que não incomodem a grande política, que representa o interesse do capital. A política agrária brasileira nunca deixou de ser uma pequena política, nunca aconteceu para valer. Quando os movimentos sociais têm mais força, aparecem concessões, mas não se pode dizer que exista um programa de reforma ou de apoio ao pequeno produtor no país.

A reforma agrária, embora 80% da população viva na zona urbana, continua sendo um problema grave, porque parte desses 80% vive nos arredores das cidades e enfrentam problemas de falta de terra."

___________________________

Nenhum comentário: