domingo, 28 de julho de 2013

A ACEITAÇÃO PASSIVA DA VIOLÊNCIA QUE NOS DESTRÓI





Há uma banalização da violência de tal forma que muitos dentre nós já se apegam somente às estatísticas como forma de interpretação dos fatos, quando estas expressam apenas um dado matemático que carece, para gerar sabedoria, ser interpretado à luz dos nossos sentimentos, da nossa responsabilidade como cidadãos e da responsabilidade do poder público. Se em nossos municípios o número de homicídios aumentou consideravelmente, faz-se necessária uma compreensão do que está acontecendo, esforço esse que deve ser de todos, e no sentido de desvelar as verdades que estão ocultas por trás de tão nefastos acontecimentos.

Jamais devemos aceitar como normais os atuais índices de roubo e morte que, para a “alegria” dos programas policiais, têm dado má fama aos lugares onde moramos, criando assim uma cultura de extermínio que a cada dia tem mais fome, visto a vasta impunidade de que seus praticantes dispõem e parte dos motivos de fundo (miséria e abandono, por exemplo) continuarem a existir, especialmente na periferia das cidades e no campo.

Conforme o Mapa da Violência 2013 do Centro Brasileiro de Estudos Latinoamericanos (CEBELA), temos que:

“Os registros do SIM permitem verificar que, entre 1980 e 2010, perto de 800 mil cidadãos morreram por disparos de algum tipo de arma de fogo - AF. Nesse período, as vítimas passam de 8.710 no ano de 1980 para 38.892 em 2010, um crescimento de 346,5%. Temos de considerar que, nesse intervalo, a população do país cresceu 60,3%. Mesmo assim, o saldo líquido do crescimento da mortalidade por armas de fogo, descontando o aumento populacional, ainda impressiona, como será visto  adiante, no tratamento das taxas de mortalidade.  Entre os jovens de 15 a 29 anos esse crescimento foi ainda maior: passou de 4.415 óbitos em 1980 para 22.694 em 2010: 414% nos 31 anos entre essas datas.”

Acesse a íntegra desse documento AQUI.

Reduzir tudo ao aspecto policial dos acontecimentos é esquecer, de propósito, componentes importantes e fundamentais como a ausência de políticas governamentais claras, corretas e fortes nas áreas de educação, moradia, trabalho e inserção cultural, dentre outros já tão conhecidos pontos. Apesar das melhorias no potencial de consumo de milhões de brasileiros, não podemos falar em desenvolvimento (evolução) real quando os índices de violência são o que são. E, apesar das queixas gerais da sociedade, pouco se vê quanto a uma mobilização efetiva que vise a questionar e a agir no foco da questão. Há uma apatia misturada a um medo que imobiliza até mesmo os setores organizados. Entra ano e sai ano, com eleições a cada biênio, e nada tem mudado nessa área.

O que o poder público pode (e deve) fazer de investimento nas regiões periféricas das cidades, visto ser ali o lugar de maior incidência de homicídios e outros crimes?
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